Baianópolis, [20/12/24] – A comunidade de Baianópolis celebra uma importante mudança na nomenclatura de uma de suas instituições educacionais. O Centro Educacional 31 de Março passa a se chamar CENTRO EDUCACIONAL NEURISBERG DE ALENCAR BARREIRA, em homenagem ao renomado professor Neuri, que deixou uma marca indelével na educação da cidade.

A FANTÁSTICA HISTÓRIA DO ETERNO PROFESSOR NEURI

Neurisberg de Alencar Barreira nasceu em 04 de março de 1957, na cidade de Juazeiro - Bahia, filho de Gutemberg Leite Barreira e de Naide de Alencar Barreira. O pai era protético e a mãe, professora. Ainda na infância, após a separação de seus pais, Neurisberg mudou-se com a mãe e os irmãos para Barra do Rio Grande onde viveu parte de sua infância e juventude. Estudou no colégio Elísio Mourão e formou-se em Magistério e logo em seguida tornou-se professor de Ensino Médio na mesma escola onde estudou. Em paralelo ao magistério, Neurisberg era vocacionado, influenciado pelo líder espiritual Frei Luiz Flávio Cappio, hoje bispo de Barra. Sua vida no seminário era uma espécie de fuga aos problemas familiares, ele encontrava na vida religiosa um refúgio para enfrentar os desafios que a vida lhe impunha.

Além dos estudos no Seminário de Barra, ele também viveu um ano de experiência religiosa em Ipameri - Goiás, voltando-se para Barra onde realizou vários projetos dentro do colégio Santa Eufrásia e em outras escolas de Barra. Juntamente com outros seminaristas, ministrou palestras, louvores e orientações evangelizadoras. Nesse período vocacional, após ministrar uma palestra, conheceu Marli Cordeiro Barreira, estudante da escola Santa Eufrásia, casaram-se e se mudaram para cidade de Catolândia – Bahia. Anos depois tiveram dois filhos: Ítalo Daniel Cordeiro Barreira e Naiara Marili Cordeiro Barreira. Ainda em Catolândia, Neuri, como era conhecido por onde passava, juntamente com sua esposa exerceram o magistério em duas escolas da cidade – no ensino fundamental I e II. Como herança do pai, também exerceu a função de protético. Como na época era raro o atendimento odontológico nas cidades circunvizinhas, Neuri passou a realizar trabalhos odontológicos em outros municípios e comunidades.

Nessas andanças, sentiu-se atraído pela cidade de Baianópolis - Bahia e após três anos em Catolândia, resolveu mudar-se para Baianópolis. Logo após sua chegada na cidade tratou de interagir com a comunidade católica dessa cidade, desenvolvendo vários projetos de evangelização e participando das missas e reuniões, como um bom violeiro, sempre contribuindo nas celebrações e animando os eventos tanto tocando, quanto cantando, que também era dotado de uma voz marcante e emocionante.

Neuri era um aspirante e entusiasta, estava sempre motivado e motivando pessoas a envolver-se com a religiosidade. Criou o grupo de jovens JUSF – Juventude Unida a São Francisco, na comunidade de Várzea Grande, nome que tem tudo a ver com sua devoção, pois era um grande admirador de São Francisco de Assis. Criou também um grupo de casais na sede do município de Baianópolis para que também pudesse levar a evangelização aos casais e também discutir temas de interesse familiar e social. Seu trabalho comunitário ia além de evangelizar, aspirava orientar as pessoas para a importância de exercer de fato a cidadania, reconhecer os seus direitos e deveres. Ele era uma espécie de revolucionário, no bom sentido, é claro.

Em situações de injustiças, estava ele lá para defender os interesses dos mais fragilizados e a organizar movimentos ensinando o povo a reconhecer os seus direitos e ir à luta em busca da concretização desses direitos. De fato, era um defensor da cidadania. Nessas manifestações cobrou das autoridades, junto com a comunidade, a iluminação da cidade, a qualidade da água distribuída pela empresa EMBASA e fez diversas reinvindicações em benefício do povo baianopolense.

Neuri foi diretor da escola Normal Rogério Rêgo. Sua gestão foi motivada pelo respeito aos colegas e pelos princípios da democracia. Também foi professor de Filosofia e História dessa mesma escola e professor de História na escola Centro Educacional 31 de Março. Era um apaixonado pelo Magistério. Suas aulas eram sempre regadas por um toque de violão, metodologia que sempre encantava os seus alunos e reduzia o nível de estresse que faz parte do cotidiano escolar. Ele não era apenas um professor, era um grande conselheiro, sempre tinha tempo para dar uma atenção especial aos alunos, ouvi-los e orientá-los em suas dúvidas e dificuldades. Na sala dos professores, era um motivador, um vendedor de sonhos... Com a música de Zé Ramalho, Cidadão, ele motivava as pessoas a seguir em frente, a enfrentar os problemas com mais leveza e acreditar num novo amanhã.

Além dessa trajetória educacional, ele também criou o projeto ÁGUA VIVA, era um espaço de acolhimento das crianças e pessoas mais pobres da cidade. Havia encontros quinzenais e também em datas festivas. Para manter as despesas dos eventos, Neuri usava recursos próprios e a ajuda de alguns amigos. Nesses encontros eram realizadas palestras, musicais, brincadeiras, distribuição de presentes e muita diversão.

O Guerreiro partiu em 12 de agosto de 2007, deixando um legado de cidadão, educador e ser humano. Seus ensinamentos persistem através das pessoas que o conheceram, conviveram e acima de tudo, aprenderam com ele.

Reconhecimento da Comunidade

A decisão de renomear a escola foi recebida com entusiasmo por parte da comunidade escolar e dos moradores de Baianópolis. A nova denominação não apenas valoriza a memória do professor Neuri, mas também reafirma o compromisso da educação local com valores de cidadania, solidariedade e justiça social. Após aprovação de forma unânime pela câmara de Vereadores de Baianópolis, sob a presidência de Gilvane Febrônio dos Santos, votaram a mudança por indicação vereadora Professora Vanda. Esteve presente no evento o Prefeito Eleito Weube Febrônio, sentindo-se honrado em participar do evento, por ter conhecido o Professor Neuri, em que tece elogios e admiração pelo gigante ser humano que foi e deixou sua história marcada em Baianópolis.

“É uma homenagem mais que justa. O professor Neuri foi um exemplo de dedicação e amor à educação. Sua história deve ser lembrada e celebrada”, afirmou a professora Vanda durante a cerimônia de renomeação.