Não há explicação para os xingamentos da torcida do Flamengo a Pelé no Maracanã. Talvez por inveja e racismo.
No jogo de abertura do Campeonato Carioca – no momento em que se respeitava um minuto de silêncio em homenagem a Pelé – a torcida do Flamengo, do nada, o xingou de “maconheiro”.
Por que eles fizeram isso? Desde o
dia 29, quando o mundo inteiro reverencia o Rei do Futebol com respeitosas homenagens
que foram prestadas nas principais ligas, aqui no Brasil, na sua terra, os seus
irmãos, que deveriam se orgulhar de sua majestade, dão repetidas demonstrações
de ingratidão.
O presidente da Fifa, Gianni
Infantino, após o velório na Vila Belmiro, sugeriu que todos os países batizem pelo menos um
estádio com o nome de Pelé. Alguns já começaram a fazer isto.
Ironicamente, a Assembleia dos
Deputados de Alagoas já tentou várias vezes mudar o nome do Estádio Rei Pelé,
em Maceió, para Rainha Marta.
O Santos, que planeja em
breve a reconstrução da Vila Belmiro, jamais cogitou a possibilidade de
rebatizar o estádio com o nome do Rei.
Muitos já insinuaram que
“o Brasil não merece Pelé”. Verdade ou não, é preciso lembrar a quase unânime
ausência de jogadores campeões do mundo no velório do Rei, dia 3 de janeiro, na
Vila Belmiro. Cada um tinha uma desculpa esfarrapada para contar. Pegou mal,
muito mal.
Histéricos
no Maracanã
O xingamento gratuito que
aconteceu na noite de quinta-feira (12/1) no Maracanã, foi como se a torcida
quisesse matar o Rei do Futebol mais uma vez. Talvez por inveja. Quem sabe até
por puro racismo?
Numa paródia da música
‘Mil gols’, enquanto gritavam o nome de Zico, chamavam Pelé de “maconheiro” e
Maradona de “cheirador”.
O telão do Maracanã
mostrava imagens de Pelé e Roberto Dinamite, que morreram nas últimas semanas,
e foi possível ouvir, durante a transmissão da Band, a histeria inconcebível e
gratuita dos flamenguistas.
Constrangido, Zico –
supostamente homenageado pela torcida Rubro-negra – não curtiu a palhaçada
do Maracanã. Tanto que gravou esse vídeo, implorando para que o episódio nunca
mais se repita.
Volto a perguntar: por que eles fizeram isso? E olha que estamos falando do
mais famoso de todos os brasileiros. Alias, nenhuma personalidade nesse mundo é
mais conhecida do que Pelé. O seu prestígio se reflete nos inúmeros títulos e
homenagens ao longo da vida, dentro e fora do Brasil.
Em 1997, por exemplo, foi
condecorado pela Rainha Elizabeth com a Ordem de Cavaleiro do Império
Britânico. Também recebeu diversos títulos da Organização das Nações Unidas
(ONU) e foi nomeado o Atleta do Século XX por entidades esportivas e jornais
internacionais.
Talvez a explicação para
essa incontida inveja que alguns brasileiros sentem por Pelé esteja numa frase
do genial Tom Jobim. Ele disse certa vez: “O sucesso, no Brasil, é a pior das
ofensas pessoais”.
O próprio maestro Jobim
foi tão vítima quanto Pelé. Basta lembrar que, na década de 1960, ganhou o
Grammy de Melhor Música do Ano com ‘The Girl From Ipanema’, concorrendo
simplesmente com The Beatles, Elvis Presley e Frank Sinatra.
E, na época, sabe o que
diziam dele aqui no Brasil? “Fica aí nos Estados Unidos mesmo, você já é
americano”.
Salve o Rei!
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